João Jorge e Jacobina Maurer

João Jorge e Jacobina Maurer

I m A g E m

I m A g E m
O Velho do Espelho

"Por acaso, surpreendo-me no espelho:
quem é esse que me olha e é
tão mais velho do que eu?
Porém, seu rosto...é cada vez menos estranho...
Meu Deus,Meu Deus...Parece meu velho pai -
que já morreu"! (Mario Quintana)

P E S Q U I S A

terça-feira, 22 de maio de 2007

Quem morre?

Morre lentamente quem se transforma 
em escravo do hábito, 
repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
quem não muda de marca.
 Não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece. 

Morre lentamente quem 
faz da televisão o seu guru. 
Morre lentamente quem evita uma paixão, 
quem prefere o preto no branco 
e os pingos sobre os "is" 
em detrimento de um redemoinho de emoções, 
justamente as que resgatam o brilho dos olhos, 
sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos. 

Morre lentamente quem 
não vira a mesa 
quando está infeliz com o seu trabalho, 
quem não arrisca o certo pelo incerto 
para ir atrás de um sonho, 
quem não se permite pelo menos uma vez na vida, 
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, 
quem não lê, quem não ouve música, 
quem não encontra graça em si mesmo. 

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, 
quem não se deixa ajudar. 
Morre lentamente, quem passa os dias 
queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto
 antes de iniciá-lo, 
não pergunta sobre um assunto que desconhece 
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe. 

Evitemos a morte em doses suaves, 
recordando sempre que estar vivo 
exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar. 
Somente a perseverança fará com que 
conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.

Pablo Neruda

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