João Jorge e Jacobina Maurer

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I m A g E m

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O Velho do Espelho

"Por acaso, surpreendo-me no espelho:
quem é esse que me olha e é
tão mais velho do que eu?
Porém, seu rosto...é cada vez menos estranho...
Meu Deus,Meu Deus...Parece meu velho pai -
que já morreu"! (Mario Quintana)

P E S Q U I S A

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Turquia: como derrotar as forças autoritárias

É urgente uma mobilização de solidariedade internacional. 

A reunião de forças sociais, políticas democráticas e progressistas é essencial para impedir a hegemonia de forças autoritárias, nacionalistas e conservadores reunidos em torno do partido AKP turco (Partido da Justiça e Desenvolvimento, em turco: Adalet ve Kalkınma Partisi, AK Parti ou AKP) e para permitir a defesa dos direitos democráticos e sociais mas também a paz e auto-determinação do povo curdo. Democratas e progressistas devem reiterar o seu apoio e solidariedade com a resistência e movimentos populares que estão empenhados em continuar essas lutas na Turquia e outras regiões do Oriente Médio e Norte da África.

Desde o fracasso do golpe de uma fração do exército, em julho de 2016, o governo turco prossegue sua própria contra ofensiva, fortalecendo seu poder autoritário e sua influência sobre as instituições turcas. Essa ofensiva fez com que mais de 125.000 pessoas fossem demitidas ou suspensas de seus cargos, 37.000 presas, enquanto 160 empresas e órgãos de mídia (jornais, revistas, sites) e mais de 1490 organizações não governamentais e associações locais, incluindo de direitos humanos, defesa de direitos de mulheres e crianças, fossem fechadas. Entre estas organizações e associações estão a Associação de Escritores Curdos, o KJA (Congresso do Livre Mulheres), associações de estudantes curdos, grupos de mulheres, entidades de advogados das mulheres, de familiares de desaparecidos e de prisioneiros curdos e outras que trabalham para a educação, para o reconhecimento e desenvolvimento da língua curda entre outras.

Em novembro, o governo turco também suspendeu e / ou fechou um grande número de organizações de mulheres como a MMM - Marcha Mundial das Mulheres cuja coordenação turca emitiu um comunicado: "O fechamento de associações de mulheres, neste período de violência contra as mulheres, onde a escalada de estupros e assédio sexual estão em constante crescimento, se não forem revertidas, são um ataque direto contra as mulheres, uma usurpação das realizações e trabalhos do movimento de mulheres". As universidades também têm sido privadas do poder de eleger seus próprios reitores; Erdogan agora pode nomeá-los diretamente dentre os candidatos indicados pelo Conselho Superior de Educação (YOK).

O autoritarismo do governo do AKP continua a crescer e a violência sobre toda a oposição democrática e progressista se intensificou. A mais recente ação repressiva do governo teve como alvo Selahattin Demirtas e Figen Yüksekdağ, dois co-presidentes do Partido Democrático Popular HDP (em turcoHalkların Demokratik Partisipartido político de esquerda da Turquia fundado em 2012, como braço político do Congresso Democrático dos Povos e outros nove deputados que foram presos pela polícia turca que também realizou ataques às instalações do HDP , em Ancara.

Em meados de novembro, a polícia turca prendeu três prefeitos do HDP no sudeste do país, acusados de ligações com o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão (em curdo: پارتی کار کهرانی کوردستان, Parti Karkerani Kurdistan, ou Partiya Karkerên Kurdistan), e  milhares de membros do HDP,  entre lideranças e parlamentares. Após o golpe a polícia turca prendeu o editor e vários jornalistas do Cumhuriyet (A República), principal jornal diário de oposição e bloqueou o acesso as redes sociais como o Twitter e WhatsApp.

Todas essas prisões foram feitas á partir da decretação do Estado de Emergência que foi prorrogado novamente por três meses, em 19 de outubro e a chamada "luta contra o terrorismo", que é uma maneira de atacar todos formas de oposição ao autoritário governo do AKP. Qualquer oposição ao Sultão Erdogan e ao governo do AKP é de fato considerado como o terrorismo.

O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, manifestou no dia 21 de Novembro a "solidariedade" da aliança com a Turquia após o golpe fracassado, acrescentando que a Turquia tem o "direito" de se defender. Ele acrescentou, no entanto, ter enfatizado às autoridades turcas que tais medidas devem ser tomadas no quadro do Estado de Direito.

 "Não vamos nos render" 

O HDP anunciou, em 6 de Novembro, sua decisão de retirar-se de qualquer atividade no parlamento turco para protestar contra o nível sem precedentes de repressão. A situação não impediu que as forças democráticas e progressistas, o HDP, organizações representativas de minorias, organizações de mulheres e sindicatos organizassem em Istambul no domingo, 20 de novembro, uma grande manifestação.

 A ofensiva reacionária 

 A Turquia continua a bombardear as regiões predominantemente curdas na Síria e continua a dirigir a intervenção militar e a apoiar os grupos armados da oposição síria. A prioridade turca é a luta contra a autonomia e o impedimento de qualquer expansão das forças curdas no nordeste da Síria. A Turquia emitiu, no dia 22 de novembro, um mandado de prisão contra o líder do partido curdo sírio Saleh Muslim. e de outras 48 pessoas, incluindo três líderes do PKK, Cemil Bayik, Murat Karayilan e Fehman Huseyin. Os mandados de prisão foram emitidos em função de um ataque com carro-bomba contra um comboio militar que provocou trinta mortes, no dia 17 de Fevereiro, em Ancara. O ataque foi reivindicado por um grupo dissidente do PKK. No entanto, o governo turco disse que o ataque foi planejado em conjunto pelo PKK e YPG. O líder do PYD, Saleh Muslim, e um dos líderes do PKK, Cemil Bayik, negaram as acusações.


 Joseph Daher 23 de novembro de 2016 in
https://syriafreedomforever.wordpress.com/2016/11/23/turquie-faire-echec-aux-forces-autoritaires/

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