João Jorge e Jacobina Maurer

João Jorge e Jacobina Maurer

I m A g E m

I m A g E m
O Velho do Espelho

"Por acaso, surpreendo-me no espelho:
quem é esse que me olha e é
tão mais velho do que eu?
Porém, seu rosto...é cada vez menos estranho...
Meu Deus,Meu Deus...Parece meu velho pai -
que já morreu"! (Mario Quintana)

P E S Q U I S A

domingo, 14 de julho de 2019

56. O MoViMeNtO MuCkEr

Para entender e compreender melhor o #MoViMeNtOMuCKeR - 

A história da humanidade foi sempre uma história de resistência, superação e luta. Luta pela sobrevivência, pela adaptação aos obstáculos da natureza, pelo direito à terra, pela liberdade de crença e de opção religiosa entre tantas outras...
Ferrabraz - Crédito foto Fabio Haag
Jacobina Mentz Maurer era filha de André Mentz e de Maria Elisabeth Müller, imigrantes alemães. Os avós paternos de Jacobina, Libório Mentz e Madalena Ernestina Lips, chegaram ao Brasil no navio Germânia na primeira leva de imigrantes alemães que rumava para o Rio Grande do Sul, em 1824. Eram naturais de Tambach-Dietharz, na Turíngia, no centro da Alemanha (ainda antes da unificação alemã).
Foram recebidos pelo imperador Dom Pedro I e pela imperatriz Leopoldina que subiram a bordo do navio no porto do Rio de Janeiro. O avô de Jacobina Libório Mentz, chegou ao Brasil, já idoso, recebeu especial atenção da Imperatriz que lhe disse:  - 'O senhor realmente é corajoso, em idade tão avançada, trocar uma pátria por outra. Homens tão bravos certamente são de grande valia para nós'. 
Libório Mentz trouxe consigo uma carta enviada pelo poeta "Herr" Goethe a imperatriz Leopoldina. Em retribuição e reconhecimento D. Pedro I e a Imperatriz Leopoldina ordenaram que o lote número 01 da Colônia de Hamburgo Velho fosse concedido à família Mentz.
                                       
Essa família Mentz (Maenz) trouxe consigo um histórico de envolvimento em dissidências e disputas religiosas ocorridas na região onde viviam. Imigraram para o Brasil fugindo de perseguições políticas e religiosas. Os avós de Jacobina e mais algumas poucas famílias afastaram-se da igreja luterana, das escolas, cultos e outros serviços estabelecendo uma comunidade religiosa conservadora e independente, uma dissidência que ficou conhecida como "pietista". Essa postura culminou na perseguição a essas famílias que foram pressionadas a renegar suas crenças ou emigrar. 
A maioria das famílias voltou atrás mas o avô de Jacobina decidiu embarcar para o Brasil. Em seu encontro com a imperatriz Leopoldina, o avô de Jacobina confidenciou-lhe que viera para o Brasil fugindo de perseguição religiosa na Alemanha e a Imperatriz lhe garantiu que no Brasil ele e sua família teria garantida a liberdade de culto. 

Meio século depois a garantia não se confirmou e os descendentes de Libório Mentz junto com os demais integrantes do Movimento Mucker foram difamados, perseguidos, acusados e finalmente massacrados. Os sobreviventes foram presos, julgados e condenados. O movimento mucker, mesmo sendo anterior, remete e lembra os acontecimentos do arraial de Canudos de Antonio Conselheiro no sertão da Bahia. Alguns anos após a condenação numa revisão do processo todos os Mucker presos foram libertados. Mas a vergonha, a perseguição e a violência acompanharam os Mucker e seus descendentes ao longo dos anos.

Jacobina Mentz Maurer nasceu em Hamburgo Velho duas décadas após a chegada dos pais e avós ao Brasil. Cresceu numa comunidade rural composta por imigrantes alemães luteranos e católicos. Os avós de Jacobina foram os responsáveis pela construção da primeira igreja protestante do sul do Brasil. O episódio Mucker é instigante e a cada ano novas pesquisas e publicações vão revelando novos aspectos dessa história. Resta muito ainda para ser pesquisado, descoberto e revelado. 
(...)
Nesse sentido o documentário do Memorial do Judiciário produzido em 2018, que apresentamos a seguir, é merecedor de todos os aplausos. Demonstra profissionalismo, dedicação e carinho com o tema apresentado de forma aberta e plural, sem preconceitos, sem culpa, sem medo. É um dos melhores trabalhos sobre a história de Jacobina Mentz Maurer e do #MovimentoMucker.

"Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (TJRS) - 10/06/2018 -
Em mais uma de suas reportagens especiais, o Justiça Gaúcha mostra a história do movimento sócio-religioso dos Mucker (séc. XIX). Jacobina Mentz Maurer e João Jorge Maurer têm papel central nesse marcante episódio da história brasileira, que teve como epicentro o Morro Ferrabraz, em Sapiranga/RS".

*** No segundo semestre de 2018 o Memorial do Judiciário reuniu essa e outras histórias na exposição interativa Mitos e Realidade. Foi uma grande oportunidade para explorar e conhecer casos levados a julgamento e que povoam o imaginário dos gaúchos.



Terceira e última parte:  https://www.youtube.com/watch?v=0PKnWtQr7BQ


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

55. Duelo Paranóia: O delegado profeta e o curandeiro de Satã

Um ano já passou desde que o delegado evangélico, em surto místico, deu voz de prisão ao capeta, prendeu e arrebentou com a vida de sete inocentes. E como ficou?     
                                                         
*Duelo Paranóia: O delegado profeta e o curandeiro de Satã-                                
Desde que essa história explodiu na imprensa, em dezembro, uma pulguinha ficou coçando atrás das minhas orelhas. Os conflitos messiânicos como Canudos, Mucker, Monges Barbudos, Pedra Bonita, entre outros, tornaram-se - ainda mais - alvo de minha atenção depois da minha graduação em História na Universidade Feevale. Lembrei como a construção da versão-verdade dos vencedores ignora, suplanta e impede que se ouça ou busque conhecer a versão dos vencidos, dos oprimidos e dos marginalizados. O episódio ocorrido aqui em Novo Hamburgo e Gravataí é um crime, um duplo assassinato mas apresenta várias  características similares aos conflitos messiânicos. Em setembro de 2017 quando foram encontradas partes dos corpos das crianças um dos 'empresários' acusados compartilhou notícias sobre o ocorrido no seu Facebook. Sua casa era próxima do local onde foram 'desovados' os corpos. No dia 21 de dezembro, o delegado Moacir Fermino, evangélico fervoroso, numa inusitada e  espalhafatosa coletiva acusa sete pessoas de assassinato das duas crianças durante um ritual satânico de busca de prosperidade. O caso obteve repercussão nacional com a divulgação dos detalhes do ritual  e do suplício  das crianças que até hoje não foram identificadas. Cogita-se  que foram trazidas da  Argentina onde teriam sido  trocadas por uma caminhonete roubada. A prisão provisória de cinco dos sete acusados - dois permanecem foragidos - foi tornada definitiva. Quando o titular da pasta, delegado Rogério Baggio voltou das férias passou a conduzir de uma forma mais sóbria, objetiva e científica as investigações. Provas periciais e acareação das testemunhas revelaram divergências e  desacreditaram as conclusões profeticamente inspiradas do delegado Fermino. Nesta quarta, O7 de fevereiro, o delegado titular solicitou a liberação dos acusados detidos. Uma dessas testemunhas foi detida e o delegado disse que "todos os depoimentos eram uma grande mentira" o que faz o caso voltar a fase inicial de investigações. O delegado profeta  responderá por sua postura e afirmações junto a Corregedoria da Polícia.                                                                                           .                                                                                                  
 ** Revelação divina          
A prisão de três suspeitos – o “bruxo”, um empresário e o filho dele – foi comandada pelo delegado Moacir Fermino, que na época estava à frente da investigação.  Em entrevista coletiva à imprensa, ele disse que chegou as conclusões do caso, através de uma “revelação divina”.
“Foi uma revelação de dois profetas de Deus. Quando eu cheguei na delegacia, um deles me ligou, dizendo que tinha informações e que era para eu pegar um caderno para anotar. Foi uma revelação divina”, destacou o delegado'.  (parte da notícia do jornal Correio do Povo ).

54. AmOr CeLeSTiaL

Te espero ansiosamente,
venha de mansinho
ou venha de roldão
mas venha, porque te espero
de forma intensa e ardente
e por ti anseia meu corpo,
minha alma e meu coração...

   Vem aliviar minha sede
e afastar meu calor
vem tocar minha boca
                                                        e me cobrir de amor...                                                                                                               Vem aliviar meu sono,                                                      afastar esse ardor,

Venha bater nas paredes,
caminhar nas telhas,
venha cantar na goteira,
me tirar do abandono
                                                         e me cobrir de amor                                                                                                                                                      
                                                       Vem sentir meu corpo nu                                                      sob teu carinho...
Venha mansamente,
venha devagarinho
para que outros não saibam,
para que outros não vejam...


Venha Chuva benfazeja
pois és a mulher
que todo homem deseja
para amar em silencio...
                                                        para viver e morrer,                                                             de prazer... sozinho....


Gilnei Andrade 
verão 2014

53. Contém ironia

Os pobres pais investem num filho ou filha que cresce e vira uma criatura dessas. Os velhos estrepam a saúde e se rasgam trabalhando para dar educação e futuro e os desinfelizes, depois de formados, só ficam lendo e ouvindo essa bobiçaiada de Belchior, Raul Seixas e seu coelho inspirado, Odair José, Lair Ribeiro, Cury, Castaneda, Padre Marcelo, Daniken, Neymar de Barros, Dan Brown, Rowling, RRMartin, Atlântida, incas venusianos, bruxa mãe e Wicca filha, tóchico, peyote, cogumelo, chá de cartucho, bruxa, sereia, lobisomi, morto-vivo, shazam e xerife, cabupi e herculoide, mago merlin e escalibur, bruxa sapata Hermione e gamo-rei Harry, blackbloc e whitehorse, batima e hobby, barbosinha e sininho, nazicoxinhas e bolsominions, orc ou orque ou Tom Bombadil, o nóia do Tolkien...
E no último suspiro da derradeira tentiada a gente pergunta:
- Mas hoje o que tu tá lendo (imprestável)? 
E aí ele diz: - O Diário do Che, o último cumunista romântico... 
E aí eu pergunto: Não é de encaroçar o lombo duma criatura dessas antes de morrer???

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

52. A ViDa é BeLa!!!

A vida não é fácil para nenhum de nós. Somos filhos e filhas do proletariado e não nascemos no berço da riqueza e da opulência. Nossa herança é trabalho e nosso futuro consciência e luta. O trabalho de todos os dias de nossas vidas para levar, a noite, o pão para nossas casas. E a luta para que todos trabalhem, tenham pão, tenham casas e adquiram consciência. O trabalho e a consciência dará sentido a nossa luta de fazer com que todos entendam que as diferenças nascem da e com a exploração são, portanto, filhas da exploração.                                                                
As condições diferenciadas de existência que permitem a uma minoria que, como os mosquitos e morcegos hidrófobos sugadores do sangue (suor e trabalho) alheio, desobriguem-se do trabalho e tornem-se uma classe diferenciada de pessoas.                      E ainda assim digo que o otimismo deve ser cultivado e a felicidade deve brotar de nós e iluminar tudo ao nosso redor. Tem gente que desaprendeu, que nunca soube sorrir ou que não se permite a plenitude que a consciência de classe possibilita.Tem quem torça contra tudo e todos. Tem trabalhador com cabeça  de explorador, tem mulheres  machistas, negros racistas,  homossexuais homofóbicos, religiosos que cultuam a morte pelas armas e - cada vez mais - tem patriotas imperialistas e neoliberais. Sacos de bosta gerados na fé doentia da pseudoastrologia de quinta categoria e de um militarismo decrépito sócio minoritário da indústria da covardia bélica.                    
Por isso não devemos nos abalar e nem desanimar no enfrentamento de quem é contra o que não sabe, que não conhece e não quer conhecer mais nada porque se acha ungido pela luz dessas religiões que viraram tribunais, dessas igrejas que viraram agências bancárias e desses messias fraudulentos, flatulentos  e boquirrotos que consideram-se mitos.                                                       
São muitos os pessimistas, tristes semeadores de rancor que exalam medo e intolerância e só colhem dor. Criaturas infelizes e cabisbaixas que não levantam a cabeça para apreciar a beleza da natureza, do céu, do sol e das nuvens. Que sem enxergar as árvores  reclamam da sujeira das folhas e flores caídas no chão. Que vivem rezando para um deus morto e não enxergam a presença divina viva nas pequenas criaturas e nos acontecimentos diários. Eles são muitos mas (sem consciência) não podem voar.                                                    
"A vida é bela" como disse o velho Leon cuja vida não foi uma novela. Vamos seguir em frente com humor,  sinceridade, trabalho, dedicação, doses cavalares de ironia (e alguns sacos de carvão) porque sempre terá um boi corneta, mugindo e babando, correndo em nossa direção.      
1º de janeiro de 2019