João Jorge e Jacobina Maurer

João Jorge e Jacobina Maurer

I m A g E m

I m A g E m
O Velho do Espelho

"Por acaso, surpreendo-me no espelho:
quem é esse que me olha e é
tão mais velho do que eu?
Porém, seu rosto...é cada vez menos estranho...
Meu Deus,Meu Deus...Parece meu velho pai -
que já morreu"! (Mario Quintana)

P E S Q U I S A

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

08. Duelo


Seus pés afundaram
em terreno pantanoso,
e o equilíbrio difícil
deixaram-no, ainda mais, receoso.

Tudo escuro ao redor
mas ele sabia
que não estava só,
brilhavam na escuridão
os olhos da criatura,
uma fêmea, fera leonina...

Sentia o cheiro dela,
ouvia sua respiração,
pressentia o ataque
e sabia de sua determinação.




Como todo ariano,
era um sobrevivente,
que lutou dia após dia
sem nunca desistir,
mas poderia um carneiro
- mesmo com valentia -
a um leão resistir?
Sentia o perigo
e então se preparou
sentiu o calor da fêmea
quando ela atacou.
Viu seu olhos faiscarem
por baixo dos pelos negros,
ouviu seu grito de ataque
e seu corpo se arrepiou.
Os corpos dos dois se chocaram
e tombaram no chão,
presos e sem respiração,
sentiu as unhas da fera
cravarem nas suas costas
e prenderem suas pernas,
segurou-a então com força
num abraço mortal.

Mordendo e sendo mordido
sentiu o cheiro do suor e sangue
espalhando-se no ar,
pêlos e cabelos se confundiam,
conflito de terra e mar,
sentiu sua alma sugada
sentiu sua vida findar...





Sem poder mais resistir
segurou firme sua lança
e a fera estocou.
Manteve a lança cravada
penetrando o corpo da fera
e olhando nos olhos dela
ouviu seus gemidos e gritos.
Pouco depois
a fera saciada
agradecia baixinho
a graça de viver
enquanto ele, feliz,
morria de prazer.

Autor: Gilnei Andrade

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