João Jorge e Jacobina Maurer

João Jorge e Jacobina Maurer

I m A g E m

I m A g E m
O Velho do Espelho

"Por acaso, surpreendo-me no espelho:
quem é esse que me olha e é
tão mais velho do que eu?
Porém, seu rosto...é cada vez menos estranho...
Meu Deus,Meu Deus...Parece meu velho pai -
que já morreu"! (Mario Quintana)

P E S Q U I S A

sexta-feira, 8 de junho de 2018

44 Um anjo caído

 O tempo não existe
para quem o criou.
Aqui na Terra, sim,
somos governados,
sofremos e festejamos
a existência das horas,
de um passado,
um presente e um futuro.

Ás vezes,
só para testar
nossas potencialidades
Ele cria anjos,
como quem sopra
bolinhas de sabão
e os envia para junto
dos seus filhos terrenos.

E esses anjinhos,
caídos e ou enviados,
germinam no ventre
das filhas da Terra.
Essas criaturinhas,
uma gota de sangue coagulado
e duas de sopro divino,
ao nascer dão a luz
que ilumina e dá sentido
a existência nas malocas
e nos palácios.

Pouco tempo atrás,
não importa
quanto tempo exatamente
- porque a medida que
o homem caminha
sobre a Terra
torna-se aliado do tempo
e inimigo das horas -
um segundo anjo
bateu as portas 
de nossa morada.

As bisavós deram a ela,
lá no céu, grandes olhos azuis,
ganhou dos pais, na terra,
bochechas salientes
e tomou emprestado,
na viagem, um brilho de sol
que lhe pintou os cabelos.

No tempo cronometrado
da terra, o anjo cresceu rápido,
falou precocemente
e demorou para andar
porque nunca mais
iria parar de andar.

Deixou de ser anjo,
em anjo-criança
se transformou e
os pais e amigos choraram
pela felicidade que sentiram.

Depois o anjo-criança
seguiu caminhando,
estudou, representou,
cantou e encantou.
O anjo-criança
representou ser adulto
e colocou-se no lugar
dos outros que pensam
que a governam.

E hoje o anjo quer mais.
Sentindo-se forte
e sentindo fogo nas asas 
quer voar para mais longe,
quer conhecer outros lugares
um pouco além da segurança do ninho.

Eu olho esse anjo adultoscente
e vejo nos seus olhos
e no seu rosto
a semelhança da minha mãe
e das minhas avós.
Vejo numa só criatura
a dor e a alegria de gerações,
que no tempo da terra
já se foram,
mas que no tempo do Criador
continuam a nos abençoar.

Anjo do pai e da mãe,
presente do Criador
que cresceu e quer viver.
Que quer sofrer e amar.
O que posso fazer
ou dizer além de abençoar?


Vai, filha descobre o mundo
mas volta antes das dez.
Mostra para eles
do que tu és capaz
mas não esquece
a chave de casa.
Arranca dos outros
os merecidos aplausos,
só não esquece
o agasalho porque
vai esfriar e pode chover.

Feliz aniversário, Thaís.
Só não esquece
que todo mundo passou
pelos vinte para chegar
nos vinte e um.
Uma longa vida
de muita luz, saúde e amor,
filha do amor 
de um pai e uma mãe.
Beijos.


Novo Hamburgo, 
8 de junho 2013
Inverno no Sul

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