João Jorge e Jacobina Maurer

João Jorge e Jacobina Maurer

I m A g E m

I m A g E m
O Velho do Espelho

"Por acaso, surpreendo-me no espelho:
quem é esse que me olha e é
tão mais velho do que eu?
Porém, seu rosto...é cada vez menos estranho...
Meu Deus,Meu Deus...Parece meu velho pai -
que já morreu"! (Mario Quintana)

P E S Q U I S A

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

23. MeMóRiA SiNDiCaL (III)

Vidas curtidas, vozes dubladas e  sonhos exportados 




Num trabalho de pesquisa como bolsista de iniciação científica da Universidade Feevale, orientado pela Profª Drª Claudia Schemes, debrucei-me sobre a memória do setor coureiro-calçadista através do jornal NH: os trabalhadores do setor nos anos 70 e 80. O título que dei ao meu trabalho de pesquisa foi 'Vidas curtidas, vozes dubladas e sonhos exportados'. Na abertura do trabalho de pesquisa apresentei uma poesia que aqui partilho com todos voces.

Juntos busquemos um alento
para nossa aflição,
vamos parar um momento
para prestar atenção,
vamos olhar nossos pés,
que além de instrumento
da nossa locomoção,
registram nosso sentimento
e mostram nossa situação.




Do serviço para casa,
de casa para o sacrifício
são os pés os indutores
desse ‘ativo circulante’
que engrandece e garante
a mordomia “dos homens”
e a riqueza da Nação.




Na nudez do chão da fábrica
e na rapidez da esteira de produção,
o barulho, a poeira e o cheiro da cola
ensinam ao pobre obreiro
que junto com cada par de sapato
que segue para o estrangeiro
também vai cansaço e suor
de um trabalhador brasileiro,
também vai pedaços de sonho
de um operário sapateiro.




Assim se revela o segredo
dessas engolidoras de gente
do Rio Grande de São Pedro,
o trabalhador serve de alimento
para a fábrica de onde tira o sustento...
Assim é a vida dos sapateiros
e sapateiras do Vale do Rio dos Sinos,
que são brancos, são negros,
são crianças, são adultos,
são meninas, são meninos...



Tudo mudou na capital nacional do calçado
nenhuma antiga fábrica resistiu
aos ventos da crise neoliberal,
Novo Hamburgo avançou, mesmo assim,
uma cidade que se tornou um lar
para todos, para ti e para mim.
Os jovens ciclistas de Sapiranga
as mulheres – marlises e jacobinas –
e os homens - leopoldo, jorge, joão -
todo dia são jogados do Ferrabraz,
asas multicoloridas
nos braços da exploração.


A força da união muda a vida
e conscientiza cada trabalhador que
muito ensina quem continua aprendendo,
e se revolucionarmos de fato,
o receio vira coragem,
o planejamento, atitude
e a vontade vira ato.




Chega de tanta espera,
Vamos reavivar a chama do sindicato
Para que nosso time seja ‘fera’,
Seja Nelson Sá, Orestes, Osvaldo
Toco, Charuto, Nei, Barão, Bahia,
Neiva, Almerinda, Luiza, Vera,
Padre, Clemente, Jair, Dorivaldo,
Mauro Pacheco, Fábio, Betinho
Neiva, Alcides, Paulinho e João Machado,
Luiz Monteiro, Irovan, Evaldo, Lena e
Milton Rosa, Rancherinho e Nestor Machado.



Se a história acontecida
ao longo de nossas vidas
está mais na luta e na memória,
do que nas páginas do eneagá...
...peço nessa minha despedida final,
a nós que somos o passado presente
no vitorioso futuro que virá afinal,
que lembremos 1917, 33, 68 e 86,
vidas curtidas, vozes dubladas,
sonhos exportados e rosas
anunciando a primavera sindical.


 FONTE: Trabalho de pesquisa como bolsista de iniciação científica 
da Universidade Feevale, orientado pela Profª Drª Claudia Schemes.

Gilnei Andrade
 dezembro de 2010

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