Vidas curtidas, vozes dubladas e sonhos exportados
Juntos busquemos um alento
para nossa aflição,
vamos parar um momento
para prestar atenção,
vamos olhar nossos pés,
que além de instrumento
da nossa locomoção,
registram nosso sentimento
Do serviço para casa,
de casa para o sacrifício
são os pés os indutores
desse ‘ativo circulante’
que engrandece e garante
a mordomia “dos homens”
e a riqueza da Nação.
Na nudez do chão da fábrica
e na rapidez da esteira de produção,
o barulho, a poeira e o cheiro da cola
ensinam ao pobre obreiro
que junto com cada par de sapato
que segue para o estrangeiro
também vai cansaço e suor
de um trabalhador brasileiro,
também vai pedaços de sonho
de um operário sapateiro.
dessas engolidoras de gente
do Rio Grande de São Pedro,
o trabalhador serve de alimento
para a fábrica de onde tira o sustento...
Assim é a vida dos sapateiros
e sapateiras do Vale do Rio dos Sinos,
que são brancos, são negros,
são crianças, são adultos,
são meninas, são meninos...
Tudo mudou na capital nacional do calçado
nenhuma antiga fábrica resistiu
aos ventos da crise neoliberal,
Novo Hamburgo avançou, mesmo assim,
uma cidade que se tornou um lar
para todos, para ti e para mim.
Os jovens ciclistas de Sapiranga
as mulheres – marlises e jacobinas –
e os homens - leopoldo, jorge, joão -
todo dia são jogados do Ferrabraz,
asas multicoloridas
nos braços da exploração.
e conscientiza cada trabalhador que
muito ensina quem continua aprendendo,
e se revolucionarmos de fato,
o receio vira coragem,
Vamos reavivar a chama do sindicato
Para que nosso time seja ‘fera’,
Seja Nelson Sá, Orestes, Osvaldo
Toco, Charuto, Nei, Barão, Bahia,
Neiva, Almerinda, Luiza, Vera,
Padre, Clemente, Jair, Dorivaldo,
Mauro Pacheco, Fábio, Betinho
Neiva, Alcides, Paulinho e João Machado,
Luiz Monteiro, Irovan, Evaldo, Lena e
Se a história acontecida
ao longo de nossas vidas
está mais na luta e na memória,
do que nas páginas do eneagá...
...peço nessa minha despedida final,
a nós que somos o passado presente
no vitorioso futuro que virá afinal,
que lembremos 1917, 33, 68 e 86,
vidas curtidas, vozes dubladas,
sonhos exportados e rosas
anunciando a primavera sindical.
FONTE: Trabalho de pesquisa como bolsista de iniciação científica
da Universidade Feevale, orientado pela Profª Drª Claudia Schemes.
Gilnei Andrade
dezembro de 2010
dezembro de 2010
Parabéns pelo BLOG.
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