João Jorge e Jacobina Maurer

João Jorge e Jacobina Maurer

I m A g E m

I m A g E m
O Velho do Espelho

"Por acaso, surpreendo-me no espelho:
quem é esse que me olha e é
tão mais velho do que eu?
Porém, seu rosto...é cada vez menos estranho...
Meu Deus,Meu Deus...Parece meu velho pai -
que já morreu"! (Mario Quintana)

P E S Q U I S A

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Pepe Mujica vence eleição no Uruguay


Agencia Terra / EFE




Os primeiros resultados oficiais do segundo turno das eleições realizadas neste domingo no Uruguai confirmam a vitória da legenda de esquerde da Frente Ampla integrada por José Mujica e Danilo Astori, em cima do conservador Partido Nacional de Luis Alberto Lacalle e Jorge Larrañaga. Com 29,5% dos votos apurados pela Corte Eleitoral, a chapa Mujica-Astori obteve 314.312 votos e a de Lacalle-Larrañaga 313.283 votos.
 
 
Horas atrás, Mujica, 74 anos, discursou como o vencedor do segundo turno das eleições presidenciais uruguais segundo projeções. Ele chamou as principais forças da oposição, o Partido Nacional e o Partido Colorado, a trabalharem pela unidade. "Nem vencedores, nem vencidos. Apenas elegemos um governo que não é dono da verdade", disse Mujica, falando a centenas de partidários que celebravam sua vitória diante do Hotel NH Columbia, em Montevidéu.
Mujica foi designado para suceder Tabaré Vázquez no cargo a partir de 1º de março de 2010.


 Em um discurso conciliador, o presidente virtualmente eleito mais de uma vez se referiu a Luis Lacalle, candidato do Partido Nacional derrotado na votação de hoje. Falando a seus apoiadores, ele também disse para que "não cometam o erro de ofender quem fez uma opção diferente" no processo eleitoral. Mujica agradeceu ao atual presidente, Tabaré Vázquez, que estava ao seu lado no palanque, e fez um apelo em favor da integração e da unidade também no âmbito regional latino-americano.

"Somos todos compatriotas", afirmou. Mujica, que nos anos 60 passou a integrar o Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros, guerrilha que atuou até o início da década seguinte, saudou ainda os partidos Colorado e Independente. Além disso, chamou a atenção para a "necessidade de tentar buscar um sentido de unidade" que beneficie o país no futuro e pediu desculpas pelos momentos em que pode ter ofendido seus adversários, motivado por seu "temperamento de combatente".

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Jornal La Republica de Montevideo



Capa do jornal La Republica do Uruguai sobre as eleições de 2010 no Brasil (nada a ver com as manchetes da Folha, Estadão e Veja, né?)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Os oitos anos do governo Lula




Neste último artigo do ano aqui no Correio, não tenho como não falar dos oito anos trepidantes, em todos os sentidos, que estão chegando ao fim. Os anos Lula não apenas mudaram para sempre o Brasil. Mudaram também nossa forma de sentir e pensar nosso país.
Sob Lula, aprendemos a enxergar a pobreza, a importância de combatê-la e, mais recentemente, a celebrar sua redução. Vimos um presidente chegar ao poder contrariando tudo o que sempre nos pareceu natural: sem berço, sem diplomas, sem o apoio das elites econômicas e pensantes.

Vimo-lo, depois, quebrar todas as convenções ao exercer o poder: falando a linguagem desabrida do povo, cometendo metáforas rasas e gafes frequentes, quebrando a liturgia do cargo, trocando o serviço à francesa do Itamaraty por um buffet self-service, tomando café com os catadores de papel e exercitando uma aguerrida diplomacia presidencial sem falar outra língua.

Não haverá outro Lula, pois o Brasil que o gerou não haverá mais. E isso é bom. Neste período, 28 milhões de brasileiros cruzaram a linha da pobreza e outros 20 milhões ascenderam à classe C. Mais extraordinário é que esse feito tenha acontecido sem a quebra de um só cristal. Ou seja, Lula não tomou uma só agulha dos mais ricos para dar aos mais pobres.
Não privou os banqueiros de seus lucros para estender o crédito ao andar de baixo. Não reduziu as exportações do agrobusiness para dar mais comida ao povo. Não garfou a poupança da classe média para criar o Bolsa Família. Tudo fez harmonizando interesses e moderando conflitos.
Todos ganharam, embora os mais pobres tenham começado a tirar a diferença. Em 2009, apesar da crise, a renda média dos 40% mais pobres cresceu 3,15% e dos 10% mais ricos penas 1,09%. E isso é bom para todos, inclusive para os ricos. Este ano, os números serão mais eloquentes. O crescimento da economia, que pode chegar aos 8% em 2010, será o maior em 24 anos. Desta vez foi crescimento sem inflação e com distribuição de renda. No final do período Lula, terão sido gerados 15 milhões de empregos. Este ano, a nova classe C vai gastar R$ 500 bilhões em 2010, superando o consumo das classes A e B.
Sob Lula, a percepção do Brasil mudou também lá fora. Agora o país é player, é líder no G-20, é um dos Brics, vai sediar a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016. Nem tudo foi resolvido, nem tudo foi feito e não faltaram as decepções. Sobretudo as políticas, com os casos de corrupção intermitentes.
Mas o saldo a favor de Lula foi bem maior e levou-o ao píncaro da popularidade. Mesmo assim, ele continua sendo um presidente intragável para uma minoria. Talvez para aqueles 4% ou 5% que, nas pesquisas frequentes, consideram seu governo péssimo, contra os 80% que o consideram ótimo ou bom. As relações com a mídia serão um capítulo na história a ser escrita. Vivi a minha pequena parte.




Colunista política de O Globo, nunca apontei, nos seis governos e sete legislaturas que cobri, apenas o bem ou o mal. Assim erigi minha credibilidade de analista político. A partir de 2003, divergi do pensamento único que passou a vigir na mídia, não engrossando a cruzada anti-Lula. Na elite do jornalismo político, muito poucos, além de mim e de Franklin Martins, fugiram ao padrão monopólico e demonizador.
Houve preço. Em 2005, veio o maccarthismo e com ele os cães raivosos e o espírito de delação. Um deles espumou, em 2005, que Lula só não caíra ainda porque uma lista de jornalistas lulistas, aberta com meu nome, havia aparelhado a imprensa! Por algum tempo sustentei o apedrejamento, mas, já tendo sofrido uma ditadura, rejeitei a escolha entre autoimolação e sujeição.
No final de 2007, aceitei o convite para dirigir a TV Pública que seria criada, cumprindo a Constituição Federal. Pouco vi o presidente depois disso. Tenho trabalhado com absoluta liberdade e os resultados estão aí. Nunca recebi queixas ou bilhetinhos de ministros.
Não tenho a menor importância na história maior que se encerra agora. Conto isso aqui porque esses detalhes fazem parte do ambiente venenoso, eivado de intolerância, elitismo e ódio de classe em que Lula governou e construiu o legado que deixa ao país.

Tereza Cruvinel [Correio Brasiliense]