João Jorge e Jacobina Maurer

João Jorge e Jacobina Maurer

I m A g E m

I m A g E m
O Velho do Espelho

"Por acaso, surpreendo-me no espelho:
quem é esse que me olha e é
tão mais velho do que eu?
Porém, seu rosto...é cada vez menos estranho...
Meu Deus,Meu Deus...Parece meu velho pai -
que já morreu"! (Mario Quintana)

P E S Q U I S A

segunda-feira, 31 de março de 2008

12. MeMóRiA SiNDiCaL - TODAS LUTAS DE UMA VIDA

" naquela mesa ele sentava sempre e me dizia contente o que é viver melhor,
naquela mesa ele contava histórias que hoje na memória eu guardo e sei de cor, 
naquela mesa ele juntava gente
 
e contava contente o que fez de manhãe nos seus olhos era tanto brilho que mais que seu filho eu fiquei seu fã...
naquela mesa ta faltando ele 
e a saudade dele ta doendo em mim
naquela mesa ta faltando ele 
e a saudade dele ta doendo em mim"
Naquela Mesa – Nelson Gonçalves

NELSON  EDI  GAUTÉRIO  DE  SÁ


Cidadão de todas as lutas

Nelson de Sá foi um cidadão de todas as lutas, foi cortador, um trabalhador da indústria do calçado na época que esta profissão mais do que um ofício, era uma manufatura, uma arte. Mas a arte que realmente tocou o coração e transformou a vida de Nelson de Sá foi a arte da política. Nelson de Sá fez da política sua vida. Cada dia dentro das fábricas, nos sindicatos, nas associações de moradores, nas ruas, nos ônibus e em cada vila de cada cidade desta região foi dedicada por Nelson de Sá a política.
Anos 60

No final dos anos 60, o jovem Nelson de Sá era militante da JOC – Juventude Operária Católica – ocupando um espaço possível de atuação que existia porque suas convicções aproximavam-no muito mais dos comunistas do que dos católicos. Apesar da ditadura militar e do AI-5 ele integrou uma chapa de oposição à diretoria do sindicato dos sapateiros de Novo Hamburgo. Após a derrota na eleição sindical, Nelson de Sá e vários dos integrantes da chapa são denunciados ao DOPS e presos. Depois de conhecer a perseguição e os métodos de interrogação do DOPS são liberados já sabendo que fora da cadeia o desemprego os esperava. Nelson de Sá obriga-se a retornar com a família para Rio Grande, sua cidade natal, até a situação melhorar.



A militância comunitária e o MDB


Pouco tempo depois está de volta à Novo Hamburgo. Nos anos 70, Nelson de Sá participa da organização do movimento comunitário, fundando várias das atuais associações de moradores de nossa cidade e organizando as primeiras ocupações de áreas públicas e privadas de terras para forçar as administrações municipais e estadual a investirem em habitação popular. Á partir da ACGO -Associação Comunitária dos bairros Guarani e Operário, Nelson de Sá ajuda na fundação das associações da Vila Dois de Setembro (Sanga Funda), Roselândia, Santo Afonso, vila Iguaçú entre várias outras. No final dos anos 70 Nelson de Sá atua na Tendência Socialista, um grupo à esquerda que, por dentro do MDB, discutirá e apoiará a fundação do Partido dos Trabalhadores – PT.

Um militante profissional

Neste período, entre os anos de 1977 e 1982, Nelson de Sá trabalha como educador popular da FASE, entidade de formação e assessoria às lideranças do movimento sindical e comunitário. É um militante assalariado para organizar e contribuir com as lutas do movimento comunitário e sindical. Em 1980 Nelson de Sá participa da fundação do PT em São Paulo e participa da primeira direção do PT gaúcho. Em 1982 afasta-se da FASE para concorrer a deputado estadual, abre mão de um emprego estável e bem remunerado para construir o partido.


Sindicato é prá lutar

Em 1983 é eleito vice-presidente estadual do PT gaúcho. Concorre pelo PT a deputado estadual em 1982 e 1986 e a vereador em 1988 e 1992. No início dos anos 80 as oposições sindicais, incendiadas pelo exemplo do ABC paulista, surgem por todo o Vale do Sinos e Nelson de Sá participa ativamente dessas disputas nas entidades sindicais de trabalhadores. Desse período destaca-se a vitória no sindicato dos metalúrgicos de NH em 1980, a primeira vitória de uma oposição sindical no RS depois do golpe de 1964. Muitas outras virão depois como os metalúrgicos de Canoas, em 1981, de São Leopoldo, em 1983, os sapateiros e os bancários de NH, em 1986. Com a vitória nos sapateiros de Novo Hamburgo Nelson de Sá assume o Departamento de Moradia do Sindicato.

Uma vida, muitas lutas


De forma combinada com a militância sindical Nelson de Sá participa da luta contra a carestia e pela melhoria das condições dos transportes coletivos. É o primeiro presidente da UAC - União das Associações Comunitárias de Novo Hamburgo e também diretor de transportes da FRACAB - Federação Rio-Grandense de Associações Comunitárias e de Amigos de Bairros do RS. O PMDB na Administração Municipal de Novo Hamburgo desenvolve uma política de cooptação das lideranças comunitárias que acaba tirando Nelson de Sá do comando da UAC. Nelson de Sá articula a criação e dirige outra entidade comunitária, o CENACOM - Centro de Associações Comunitárias de NH. Alguns anos depois irá criar também a ADEMPA - Associação de Defesa do Meio-Ambiente e da Moradia Popular de Novo Hamburgo.


Sem tempo de pensar em si


Em 1988, na condição de suplente do PT na Câmara Municipal, assumirá diversas vezes a titularidade como vereador em Novo Hamburgo. Ao mesmo tempo, desde o início de 1989, exerce a função de assessor do partido na Câmara Municipal. Nesse momento Nelson de Sá estava fisicamente debilitado. O assassinato do filho mais velho, Giovani, numa briga de bar durante um período de carnaval agravou seus problemas de saúde. Nelson foi vítima de atropelamento no início de um feriadão no mês de agosto de 1998. Foi localizado noHospital Municipal, pelos familiares e companheiros do PT, três ou quatro dias depois. Permaneceu em coma profundo mais alguns poucos dias até falecer no dia 22 de agosto em plena campanha eleitoral de 1998 que levaria o PT ao Governo Gaúcho.
Nelson de Sá foi velado na sede do PT de Novo Hamburgo e foi homenageado por homens e mulheres, adultos e crianças, militantes do PT, do PDT, do PMDB, do PCdoB, do PSB. Foi acompanhado até o Cemitério Municipal pela maior e mais silenciosa carreata que Novo Hamburgo já viu. Centenas de carros com as bandeiras vermelhas erguidas, em silêncio. Durante o sepultamento o deputado federal e futuro vice-governador Miguel Rosseto dirigiu a Nelson de Sá as últimas palavras. Chorou Miguel Rosseto e choramos todos nós que aprendemos a gostar e admirar Nelson de Sá.

Heróis anônimos

Nelson de Sá morreu como morrem a cada dia os heróis anônimos da classe trabalhadora, vítimas da violência cruel e da estupidez dos tempos modernos, vítima da negligência de um sistema de saúde falido, que trata como indigentes mesmo os que portam documentos e são figuras públicas da cidade. Nelson de Sá dedicou sua vida à luta dos movimentos sociais e à organização partidária. Nos tempos duros que viveu Nelson de Sá deixou um grande exemplo. Numa época em que muitos que podiam pouco faziam e pouco arriscavam Nelson de Sá será lembrado como alguém que, mesmo tendo pouco, arriscou tudo.



Nelson de Sá viveu as lutas sociais e conflitos pessoais do seu tempo, optou e pagou o preço de sua opção, submeteu seus interesses individuais a uma existência coletiva. Cuidou muito mais dos outros do que de si próprio, conviveu com os 'estranhos' mais do que com seus próprios familiares, travou sua luta pessoal e particular com o alcoolismo. Não cabe a ninguém seu julgamento pois Nelson de Sá divergiu e desentendeu-se com muitos e foi amado e respeitado por todos nós. Sua desconfiança e sua ironia, seu senso crítico e sua falta de amor próprio eram características próprias. Foi um daqueles que Bertold Brecht chamou de imprescindíveis, porque não lutou uma batalha como os soldados, nem lutou um ano como os guerreiros, nem lutou muitos anos como os revolucionários, Nelson lutou toda sua vida, como lutam os heróis.
Obrigado NELSON EDI GAUTÉRIO DE SÁ, a luta continua!!! Valeu companheiro!!!


                                                                           Gilnei Andrade

domingo, 30 de março de 2008

Tradicionalismo

O estranho país dos gaúchos

“Sou maior que a história grega,
Sou gaúcho e me chega,
pra ser feliz no Universo”

Marco Aurélio Campos


O tradicionalismo gaúcho nasceu no entardecer do século XIX tendo como figura maior o Major João Cezimbra Jacques. Do surgimento do Grêmio Gaúcho de Porto Alegre, em 1898, até o ano de 1948, surgiram várias iniciativas no sentido de construir núcleos de culto ao gauchismo, alcançando um sucesso relativo.

A sociedade começava a separar-se, de um lado a urbana para não se confundido com a sociedade pastoril, reunia-se nos clubes comerciais (elite) e Caixeral (mídia) enquanto ao peão restava apenas o aconchego do galpão e da viola, onde cantava seu amor a terra.
Surge em Pelotas, a União Gaúcha criada em 1899 por João Simões Lopes Neto. Este elucidava o porquê da criação de tal agremiação: “Hábitos saudáveis na família estão sendo cada dia, abolidos. Brincadeiras infantis, esquecidos. Praticas e Usanças características, desprezadas. (...) é o lento suicídio de nossa personalidade.”

As agremiações criadas ainda, no século XIX, como grêmio gaúcho de Porto Alegre (1898), União Gaúcha (1899), Centro Gaúcho de Bagé (1899) e no inicio do século XX o Grêmio Gaúcho de Santa Maria (1901), Sociedade Gaúcha Lomba Grande (1938) e o Clube Farroupilha de Ijuí (1943) foram o despertar do patriotismo como uma alavanca na afirmação da identidade local. Era a semente que germinaria com muita força na segunda metade do século XX.

Enquanto Simões Lopes Neto divulgava seus trabalhos folclóricos, no Rio de Janeiro os sul-riograndenses ganhavam o apelido de “gaúchos”. O Dr. Severino de Sá Brito registrava com simpatia a novidade: "De algum tempo nossos amáveis patrícios do RJ nas suas habituais gentilezas nos alcunham de gaúchos, por darem a essa palavra uma expressão de galhardia e elevação”

Mas no Rio Grande o fato causou mal estar à elite urbana, onde saiu no Almanaque do RS em 1912 o artigo “gaúcho, por quê?”. As criticas eram enormes, a ponto de Cezimbra Jaques exilar-se no RJ para não ser ridicularizado.

Após a primeira grande guerra, já na década de 20 os riograndenses já vinham aceitando, sem maiores restrições, a alcunha de gaúcho, que vinha, coincidentemente com os modismos de fora. A classificação dada era relacionada à perícia campeira, das habilidades exercidas sobre os animais nas lidas de campo da estância.

Em 1947, em Porto Alegre, surgiu um núcleo constituído por jovens interioranos que tiveram a felicidade de conceber uma forma associativa calcada totalmente na vivência do gaúcho campesino, do que resultou a criação do 35 Centro de Tradições Gaúchas, em abril de 1948.No final dos anos setenta era comum afirmar que as tradições gaúchas estavam acabando, mas o que se verificou nos anos oitenta foi o fortalecimento do gauchismo. O surgimento de mais de quarenta festivais nativistas durante esta década com certeza contribuiu para a afirmação da cultura tradicionalista, principalmente nos centros urbanos sendo muito comum o uso da bota e da bombacha por jovens que nunca encilharam um cavalo ou participaram de lidas de campo.

Mesmo contribuindo para a divulgação e a afirmação da cultura riograndense os festivais sofreram restrições dos tradicionalistas, pois , se os tradicionalistas defendem e pesquisam a cultura desde o seu passado, os nativistas vêem a cultura partindo dos dias atuais. Mesmo existindo divergências entre tradicionalistas e nativistas a importância de ambos não pode ser desprezada, pois as suas preocupações são voltadas para a mesma temática, ou seja, os usos e costumes dos gaúchos.

Passaram-se pouco mais de cinqüenta anos e daquela semente inicial surgiu uma frondosa árvore cujos ramos se constituem, hoje, nos mais de dois mil e quinhentos núcleos dedicados à cultura gaúcha. O surgimento do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), enquanto federação (associação), no ano de 1966, foi uma decorrência natural da necessidade de uma orientação unificada e de normas que pudessem organizar aquele movimento de culto ao gauchismo, surgido espontaneamente do seio da sociedade sul-riograndense. Nascido com pretensões limitadas, o movimento tradicionalista de Barbosa Lessa e Paixão Cortes transformou-se no maior movimento cultural já existente no Brasil.

Chegamos ao século XXI com um Movimento Organizado, talvez exageradamente formalista, mas forte o suficiente para ocupar um espaço mais generoso na sociedade gaúcha.
Somente no Rio Grande do Sul, o MTG congrega 1475 entidades juridicamente constituídas e que, somadas, totalizam mais de um milhão e meio de sócios. O Movimento constitui-se, desta forma, numa respeitável força social, cultural, política e econômica. As atividades típicas do gauchismo, realizadas pelas entidades tradicionalistas, movimentam um volume fantástico de recursos financeiros e se constituem no maior motor do turismo interno no Estado. São realizados, em média, duzentos eventos tradicionalistas por semana, dos quais participam no mínimo cem pessoas e alcançam a dezenas de milhares, nos rodeios de maior envergadura.

De outra parte, como entidade responsável pela preservação e fortalecimento dos aspectos da tradição gaúcha, o MTG tem assumido posições muito claras no combate às iniciativas que deslustram a nossa música, a indumentária e a encilha típicas gaúchas. A posição do MTG não é contra a quem quer que seja e nem tem o objetivo de impedir o surgimento de outras manifestações, mas tem a finalidade de favorecer, premiar, valorizar aqueles que mantém a tradição nas suas manifestações e na sua forma de vestir ou de encilhar o cavalo. Acreditamos que podemos alcançar o global cantando o local como afirmou Tolstói e como estabeleceu Glaucus Saraiva ao redigir a Carta de Princípios do Tradicionalismo Gaúcho, adotada desde 1961.

Colaboração de Ubiratan da Cunha Guilherme
Tradicionalista e Academico de Relações Públicas da Faccat.

terça-feira, 11 de março de 2008

JÂNIO QUADROS DE SAIAS (ou de pantalha)

                                                        PARA QUEM NÃO VIU...



Para quem não teve a oportunidade de ver a Yeda no Jô, vale a pena ler a matéria de Vivian Eichler, na Zero Hora de hoje. É antológica. Para ler, recortar e abrir a coleção sobre o governo tucano que vem aí. Aqui vai um aperitivo:

“...Jô demonstrou saber que o marido de Yeda é natural do Rio Grande do Sul. A tucana complementou explicando que Carlos Crusius é de Passo Fundo. “Terra de Teixeirinha. Aquele do churrasquinho de mãe”, disse, mexendo as mãos como se assasse um churrasco.

“A terra ali em Passo Fundo tem várias esculturas do Teixeirinha”, prosseguiu a deputada federal. De fato, em Passo Fundo há uma escultura do artista, no centro da cidade. Mas apenas uma, conforme informou a prefeitura do município onde Teixeirinha começou a fazer sucesso musical”...E por aí vai....

Escrito por Marco Weissheimer às 12h14



Janio Quadros de saia ( ou de pantalha)

Atenção, povo gaúcho! Hoje é um dia de glória e júbilo para o Rio Grande velho de guerra. Os sonhos de Bento Gonçalves se realizaram. Finalmente será aberta a nossa embaixada em Brasília. Não tem pra ninguém. É o único Estado a ter uma embaixada em Brasília.
 
Partiu da própria governadora Yeda Crusius (PSDB) a idéia de chamar de embaixada o escritório de representação do RS em Brasília. O prédio já serviu como embaixada da França e do Canadá e agora atinge o ápice de sua existência ao sediar a embaixada do Rio Grande do Sul. Yeda Crusius abrirá oficialmente a embaixada com uma solenidade oficial regada a vinhos da Serra e doces de Pelotas.

A governadora providenciou uma placa especial para a ocasião, onde aparece, orgulhoso, o letreiro em bronze: Embaixada do Rio Grande em Brasília. O novo embaixador em solo brasileiro, Marcelo Cavalcante, esclarece sua missão: representar os interesses do Estado junto ao governo federal e até no contato com outros países. Agora vai...

A jornalista Ana Amélia Lemos comentou, preocupada, na manhã desta terça-feira, na rádio Gaúcha: espero que isso (a embaixada) não contribua para alimentar as piadas sobre o nosso bairrismo. Imagina, Ana Amélia, quem é que iria pensar uma barbaridade dessas..


Escrito por Marco Weissheimer às 08h42 no blog http://rsurgente.wordpress.com/



 
Dona Yeda está baratinada



Sou informado que a entrevista (desastrada) da governadora Yeda Crusius para o jornal ZH de domingo faz parte de uma repaginação geral que querem dar em Sua Excelência. Nenhuma novidade. Já se podia prever. Querem torná-la mais palatável aos olhos do grande público. Não se diz que o tolo aprende a sua custa? 

Dona Yeda certamente deve ter consciência das próprias trapalhadas: da pantalha como indumentária regional, da necessidade do assoreamento da barra de Rio Grande, de Rio Pardo situar-se na região Serrana, dos tropeços diários na sintaxe, do curioso apreço por filmes de vampiro, da falta de nexo no discurso mais comezinho, da incultura em geral e da insensibilidade em particular, etc. Agora, querem torná-la uma pessoa sensível em sete lições, e a muque. 

Só a deixam mais baratinada, como estava na entrevista dominical. O uso exagerado do pronome possessivo “meu”, logo informa que não se trata de uma pessoa razoável. “Meu palácio”, “meus instrumentos voadores”, “defendendo o ninho e sem avião”...A qual ninho se refere Sua Excelência?



Ela quer usar metáforas, mas tem a mão pesada, então larga um cacófato como “instrumentos voadores”. Quer cultivar um certo estilo lingüístico, mas tudo lhe sai rombudo, estridente e fora do lugar. Falta-lhe o background cultural devido. Como diz Valéry, em Sua Excelência o mais profundo é a pele. A história da cadelinha lhasa cumpria a finalidade de se mostrar menos sisuda, menos oficial e mais caseira, alguém que desce do rito e é capaz de curtir pequenas frivolidades plebéias, que estima os animais e tem por eles o afeto que qualquer cidadã teria. Nada disso ela fez. Foi logo metendo o pé na jaca, dizendo que quer ficar cabeluda como a cadelinha, “que chega a enxergar mal”. 



Era para pintar um colibri e só conseguiu esboçar um urubu. Sábado passado (foto), ensaiou uns passos de dança com o seu secretário César Busatto. Mostra-se tão tensa e sisuda que parece um gato a cabresto, provando mesmo que ovelha não é pra mato.


Será que o motivo é a CPI do Detran e a proximidade das revelações da Operação Rodin pela Polícia Federal?


terça-feira, 4 de março de 2008

11.

Era uma vez

Era uma vez
um lugar selvagem,
habitado por seres primitivos
que nada sabiam,
além de caçar e pescar,
amar e serem deliciosamente
felizes...





Aí seres superiores
em naves balançantes
de grandes panos brancos,
chegaram e trouxeram
a doença, o trabalho e a morte.
Trouxeram as armas, 
as roupas e os espelhos,
e sua religião.

Jogaram latas e garrafas
por todos os cantos,
criaram o plástico que
nunca se entrega à terra.
Trouxeram fumaça, herbicidas,
inseticidas, detergentes,
desinfetantes, comida artificial,
papel, confete, serpentina,
preservativos, absorventes,
supositórios, carne de soja, 

leite em pó...
e sua deusa adorada,
a poluição, senhora sagrada da
miséria e da destruição.

E vieram idéias, costumes diferentes,
castigos, dores e tristeza.
E cresceram casas, cercas,

 muros, terreiros e janelas,
crianças crescendo presas,
flores morrendo em vasos,
pássaros engaiolados,
matemática moderna, física,
química, geografia,
pai-nossos e aves-maria,
proclamações, constituições,
reis, imperadores, presidentes,
deputados, senadores, generais,
constituições e uma corja
de ladrões...

E brotaram edifícios, carros,
barulho e cidades, motéis e lancherias.
E o consumismo, filho do capitalismo,
casou com a poluição,
filha do desenvolvimento
e da tal exploração,
e a filharada foi nascendo
em linha de produção...

Nasceu a constituição outorgada,
o colégio eleitoral,
a infidelidade partidária,
o parque nacional de
indústrias importadas,
a legislação sindical,
o conflito mundial,
o golpe militar,
e a ideologia de segurança nacional.


A poluição envenenada
com o seu próprio veneno
e o consumismo cansado 
e quase acabado
vão dando os “tiros” finais
e os frutos mais recentes
desta união infernal
ninguém suporta mais.

São generais
com formação americana,
eleições marcadas
sem valer uma banana
imprensa censurada,
informações deformadas,
governadores nomeados,
prefeitos indicados,
medidas de emergência,
salvaguardas nacionais,
governos de decreto,
nasceu até Delfim Neto
dessa bandalheira total...


Gilnei Andrade -
janeiro de 1984